6 de mar. de 2016

Vivificar a flor.

VIVIFICAR A FLOR 
Desde os tempos antigos, a flor simboliza a origem da vida e, por esse motivo, no Japão, existe a crença de que ela é uma divindade. 
Originariamente, a natureza e as calamidades naturais como terremotos, tsunamis, tufões e outros eram temidos pelos seres humanos, por isso as pessoas procuravam conviver realizando festivais, celebrações e orações. 
A origem do ato de vivificar a flor está na oferenda, pois sempre se veio respeitando o lado divino da natureza.
 Por outro lado, abençoados com as quatro estações passou-se a amar e a se deleitar com as flores. Dessa forma, o sentimento japonês desenvolveu-se tendo a “natureza divina” como linha vertical e o “deleite da natureza” como linha horizontal. 
A ação de vivificar a flor está profundamente ligada a esse sentimento. 
Ao vivificar com respeito e veneração uma árvore, uma folhagem ou uma flor que são imaculadas, transformava-se a forma de vida existente na natureza em belo sublime, e isso revelava o paradeiro da nossa alma. O ato de vivificar a flor também está ligado à religião, ao pensamento e à filosofia japoneses. 
A ikebana herdou esse espírito de vivificar a flor e seguiu a linha decorativa de arranjo floral. 
No período Muromachi, foi criado o estilo de construção Shoin, que se tornou a base da arquitetura japonesa com aposentos centralizados no tokonomá; a partir daquele momento, a ikebana é normatizada e divulgada, abandonando as características religiosas para dar lugar à flor ornamental. 
O contexto de que vivificar a flor é igual a ikebana, fixa-se em meio a esse fluxo.
Mais tarde, no período Edo, a ikebana chega à classe popular e muitas escolas são criadas. Juntamente com as regras de sucessão das escolas de ikebana desenvolvem-se inúmeros estilos. 
Na época contemporânea, começam também a surgir obras de arte figurativas, que expressam a personalidade.
 Não importa qual seja a forma, não podemos esquecer a pergunta inicial: 
Por que o japonês deu continuidade ao ato de vivificar a flor? 

Caso contrário, não se consegue obter a resposta verdadeira sobre o significado desse ato. 


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