VIVIFICAR A FLOR
Desde os tempos antigos, a flor simboliza a origem da vida e, por esse motivo, no Japão, existe a crença de que ela é uma divindade.
Originariamente, a natureza e as calamidades naturais como terremotos, tsunamis, tufões e outros eram temidos pelos seres humanos, por isso as pessoas procuravam conviver realizando festivais, celebrações e orações.
A origem do ato de vivificar a flor está na oferenda, pois sempre se veio respeitando o lado divino da natureza.
Por outro lado, abençoados com as quatro estações passou-se a amar e a se deleitar com as flores. Dessa forma, o sentimento japonês desenvolveu-se tendo a “natureza divina” como linha vertical e o “deleite da natureza” como linha horizontal.
A ação de vivificar a flor está profundamente ligada a esse sentimento.
Ao vivificar com respeito e veneração uma árvore, uma folhagem ou uma flor que são imaculadas, transformava-se a forma de vida existente na natureza em belo sublime, e isso revelava o paradeiro da nossa alma. O ato de vivificar a flor também está ligado à religião, ao pensamento e à filosofia japoneses.
A ikebana herdou esse espírito de vivificar a flor e seguiu a linha decorativa de arranjo floral.
No período Muromachi, foi criado o estilo de construção Shoin, que se tornou a base da arquitetura japonesa com aposentos centralizados no tokonomá; a partir daquele momento, a ikebana é normatizada e divulgada, abandonando as características religiosas para dar lugar à flor ornamental.
O contexto de que vivificar a flor é igual a ikebana, fixa-se em meio a esse fluxo.
Mais tarde, no período Edo, a ikebana chega à classe popular e muitas escolas são criadas. Juntamente com as regras de sucessão das escolas de ikebana desenvolvem-se inúmeros estilos.
Na época contemporânea, começam também a surgir obras de arte figurativas, que expressam a personalidade.
Não importa qual seja a forma, não podemos esquecer a pergunta inicial:
Por que o japonês deu continuidade ao ato de vivificar a flor?
Caso contrário, não se consegue obter a resposta verdadeira sobre o significado desse ato.
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